“Há uma inquietação que perpassa Avanti Popolo o tempo inteiro: Qual é a dor da memória?; Qual é o custo da lembrança? A investigação de Michael Wahrmann passa pelo sofrimento da perda de um filho, o fim de um casamento, o gosto por discos antigos e hinos de países distantes, o encontro com a granulação do super 8 etc. Os eventos, porém, importam menos. O filme vive em sua atmosfera angustiante e na construção de seu tempo, o tempo do passado porvir. São corpos em estado de abstração.”
(Gabriel Carneiro)
“Com incrível precisão, Daniel Ribeiro faz um filme super elaborado parecer um trabalho simples. Mesclando apelo popular e uma refinada técnica cinematográfica, Hoje eu Quero Voltar Sozinho foi o filme-sensação de 2014. É a prova de que o cinema adolescente no Brasil não só tem um futuro, mas é uma realidade e que ele pode ser politico, sim. Aliás, deve. Os atores, inspiradíssimos, apoiam uma mise-en-scène que estabelece uma relação intrigante entre as três protagonistas.”
“Um suspense de amor e desejo doentios, cujo grande prazer (e terror) é o de remover as camadas da personalidade de sua protagonista, uma de cada vez, da faceta externa e vulnerável até à interna, dissimulada e emocionalmente instável, com uma atuação inesquecível de Leandra Leal.”
“O Menino e o Mundo. O menino e seu mundo. O mundo e seus homens… Eis a canção que se repete e exaustivamente: a tela em branco, ínfima, quase nada e, depois, num crescendo de piruetas, rabiscos e giz de cera, girando e girando cheia de musica e encanto. Um círculo vicioso, infinitamente brincalhão, mas também repleto de enigmas, senão esse garoto que aos poucos quebra sua inocência sob a imagem de um caleidoscópio. Os múltiplos brilhos. Os espelhos. As cores. E sempre a nos fascinar, nos ocupar, nos distrair, e pelo mundo afora, pela cidade, tantos lugares e sempre. Passado. Presente. Futuro. O ciclo se repete, o brinquedo gira e nós, atordoados, atônitos, hipnotizados, vemos esse menino e esse mundo. Tão simples aos olhos de uma criança!”
“O que acho fascinante em Quando Eu Era Vivo é a maneira como a direção de Marco Dutra me coloca a olhar pelos bibelôs da casa do personagem de Antônio Fagundes, à procura de algum sentido. E o melhor do filme talvez seja justamente que não encontrarei naqueles objetos sentido algum. A sua iluminação está na construção estética do mistério do horror. O fechamento sem solução é essencial ao tom que o filme constrói sobre si. É o horror pelo alcance de alguns símbolos do gênero: a tensão, o ocultismo, o medo do desconhecido. Dutra consolida o terror do abandono, da família e da loucura através desses símbolos.”